By agosto 19, 2024

Na última sexta-feira, 16 de agosto, foi realizado o evento “A Nova Pecuária do Pará”, no Carajás Centro de Convenções, em Marabá-PA. Realizado pela Adepará (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade), o evento contou com o apoio da The Nature Conservancy Brasil, do Imaflora, Bezos, JBS, Frigorífico Rio Maria, além do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá. Participaram das mesas organizações como Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf), além de empresas como Cargill e Carrefour e entidades como o MPF (Ministério Público Federal) e a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).  

Os painéis trataram de temas como produtividade e rentabilidade, parcerias sustentáveis e o uso da terra, mercados e tendências e, como o destaque do dia, a última mesa apresentou o Programa da Pecuária e a Requalificação Comercial no Estado do Pará. Marina Guyot, Gerente de Políticas Públicas do Imaflora, participou da conversa e falou sobre o papel da sociedade civil na construção do programa paraense. “A sociedade civil representa os interesses coletivos, ou seja, está sempre olhando para o bem comum. Em algumas situações, esses interesses amplos podem parecer conflitar com interesses específicos. Nosso papel, tanto com a iniciativa privada quanto com o poder público, é encontrar caminhos para avançarmos coletivamente em direção a uma sociedade mais justa e ambientalmente responsável. Isso depende de muito diálogo e disposição para construção”, observou.

A gerente lembra que muitas vezes o papel da sociedade civil é garantir que a política seja criada. “No Pará, já estamos em outro momento, pois a política foi estabelecida. Agora, o desafio é a implementação, um trabalho muitas vezes mais difícil, mas necessário”. Marina lembrou, também, que o Pará assumiu um papel de protagonismo ao criar e instituir algo tão desafiador. “Agora o estado abre um campo de oportunidades imenso, não apenas para o Pará, mas para o país como um todo. O mundo está de olho no que acontece no Pará, pois o que ocorre aqui pode influenciar outras regiões produtoras no Brasil”. 

Marina Guyot, Gerente de Políticas Públicas do Imaflora, destacou o papel da sociedade civil em promover diálogo entre setores

 

Ao final do evento, o governador Hélder Barbalho lançou o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia da Pecuária, simbolizado ali com a entrega de oito certificados que permitirão o retorno de produtores rurais ao mercado formal da carne. Coordenado pela Semas, o Programa integra ações lideradas pela Adepará e reorienta o processo de desbloqueio de produtores que se encontram com impedimento ambiental, o que restringia a comercialização da carne para frigoríficos.  

A iniciativa faz parte da Política de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia da Pecuária, lançada pelo governador no ano passado, durante a COP 28, em Dubai, e busca promover a melhoria da produtividade, gerando a agregação e o fortalecimento da cadeia. 

Hélder Barbalho, governador do Pará, entrega certificado de reintegração para produtor de gado

“Hoje o mercado é globalizado e, se não estivermos alinhados às práticas internacionais, com responsabilidade e integridade, não conseguiremos estar habilitados. Quando enviam carne daqui para o mercado externo, o nível de exigência é alto. Consumimos 10% do que é produzido, então 90% vão para outra praça ou para o mercado internacional”, comentou o governador. 

Hélder Barbalho destacou a importância do que chamou de “passo decisivo”. “Estamos mostrando que a rastreabilidade é necessária para garantir a integridade e a agregação de valor, para podermos habilitar novas plantas com mais rentabilidade. Estamos aqui mostrando que existem portas de saída para o produtor ter acesso à requalificação e reativação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), gerando uma nova fonte de recursos naquela área. É uma porta de saída. É produção sustentável. É nisso que acreditamos. Este estado pode e deve conciliar suas vocações”. 

Encerrando sua participação, Hélder Barbalho disse acreditar que a “a agenda ambiental não é adversária da agenda produtiva”. “Nós não propomos ser floresta sem produzir e também não acreditamos em produzir sem ter floresta. Temos que ter os dois. Aumentamos a produção em 1,5 milhão de cabeças de gado e reduzimos o desmatamento em 42%, o que significa que estamos no caminho certo”.